sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Do Monte Parnaso


Do Monte Parnaso

O Parnasianismo é uma escola literária de origem francesa e exclusivamente poética que surgiu em meados do século XIX em meio às revoluções políticas e sociais. Assim, não era cômodo pensar no Romantismo e seu mundo idealizado. Surgem então o Realismo, Naturalismo e Parnasianismo. Contudo, o Parnasianismo difere-se profundamente dos outros.
Na época de seu surgimento, muitas monarquias européias deram lugar às repúblicas enquanto o Império Brasileiro consolidava-se com o reinado de D Pedro II, época em que o Romantismo era usado na construção da identidade do jovem império tropical. O parnasianismo começou em nossas terras com a publicação de “Guerra de Parnaso” em 1878 no jornal Diário do Rio de Janeiro, defendendo e propondo as características parnasianas. A primeira obra publicada, Fanfarras, em 1882, de Teófilo Dias, deu-se em um período de decadência da monarquia no Brasil.
É possível encontrar quem se equivoque e coloque o Parnasianismo como Realismo na poesia, mas o poeta parnasiano não se preocupava com os problemas da sociedade como esse, construindo características que o distinguia das outras escolas. Ignoravam as mudanças sociais, político e econômicas sem se voltar para dentro de si, buscando manter a objetividade.
Os poetas possuíam o lema “A arte pela Arte”, justificando sua atitude bastante criticada na época por realistas de se voltarem a temas fúteis, irrelevantes. Viam a arte como algo perfeito em si mesma, por sua forma e imagem, sem ter que servir de canal para reflexão e compreensão da sociedade, muitas vezes descrevendo objetos de arte (seus fetiches, o lema passa a ser visto como “A arte sobre a arte”), animais, buscando inspiração na cultura grega (influência do neoclássico), o que influencia o nome da escola: Parnasianismo, que vem de Parnaso: monte grego onde moravam o Deus Apollo e algumas musas, lugar de inspiração dos poetas.
Por se dar exclusivamente na poesia, os parnasianistas preocupavam-se com a forma, o vocabulário, o equilíbrio, o controle das emoções... Sempre em forma de soneto e verso alexandrino – 12 sílabas poéticas, seus escritores classificavam as rimas em pobres (as palavras que rimam possuem a mesma classe gramatical); ricas (as palavras que rimas possuem classes gramaticais diferentes) e raras (palavras que possuem terminação rara eram o alvo dos parnasianistas).  Para rimar, não é necessário que as sílabas finais ou intermediárias possuam mesma grafia, e sim, o mesmo som.
Os principais autores brasileiros são Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. Como exemplos de respectivas obras: Poesias (1888); Versos e Versões (1887); Meridionais (1884) e Sonetos e Poemas (1886). A produção entra em decadência no Brasil entre 1893 (data do início do Simbolismo em nosso país, mesmo que tenha sido deixado à parte na literatura oficial) e 1922 (Semana de Arte Moderna),  ainda podendo se encontrar algumas produções do estilo.
 
Fontes: www.portalsaofrancisco.com.br; 
 www.cmjf.com.br/cmjf24horas/aluno/material/1189506939.doc;
 www.passeiweb.com

  • “Príncipe dos Poetas Brasileiros”

Uma das figuras centrais do Parnasianismo Brasileiro, Alberto de Oliveira foi proclamado “príncipe dos poetas brasileiros” pela revista Fon-Fon em substituição de Olavo Bilac na primeira década do séc. XX.
Nasceu em Palmital de Saquarema, RJ, em 28/04/1857 e morreu em Niterói, RJ, em 19/01/1937. Farmacêutico, poeta e professor. Foi amigo de outro importante parnasiano: Olavo Bilac.
Começou a compor aos quatorze anos em uma família de inclinações literárias. Alberto foi quem se destacou. Como poeta, a poesia era sua atmosfera e consumia-a como se tivesse respirando-a. Principais obras: Canções românticas (1878), Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895).
Observe a análise de um dos seus poemas:
                                                                Vaso Grego
“A Arte Sustenta a Arte”, 19/10/2012.
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois… Mais o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, à bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce.

Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.



        Podemos ver a construção do soneto sob os versos alexandrinos e rimas pobres e ricas. As rimas pobres e fracas eram característica do autor com vasta produção. O tema é a descrição de um vaso, afirmação do lema “arte sobre a arte”, que foi inspirada na Grécia Antiga. Quando escrito, era tempo da abolição da escravatura e advento da república, porém, como parnasianistas, Alberto fugia dos temas sociais, afirmando: “Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco me importam paz ou guerra e não leio jornais”.

Fontes: ler-e-escrever.blogspot.com/.../alberto-de-oliveira-150-anos-de.html
http://clubedapoesia.com.br/V1/mestres/mesalberto.htm

Karina Hotes, Lorenzzo, Mariluz, Natália Santos e Rayra

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