Do Monte Parnaso
O Parnasianismo
é uma escola literária de origem francesa e exclusivamente poética que surgiu em
meados do século XIX em meio às revoluções políticas e sociais. Assim, não era
cômodo pensar no Romantismo e seu mundo idealizado. Surgem então o Realismo,
Naturalismo e Parnasianismo. Contudo, o Parnasianismo difere-se profundamente
dos outros.
Na época de
seu surgimento, muitas monarquias européias deram lugar às repúblicas enquanto
o Império Brasileiro consolidava-se com o reinado de D Pedro II, época em que o
Romantismo era usado na construção da identidade do jovem império tropical. O
parnasianismo começou em nossas terras com a publicação de “Guerra de Parnaso”
em 1878 no jornal Diário do Rio de Janeiro, defendendo e propondo as
características parnasianas. A primeira obra publicada, Fanfarras, em 1882, de Teófilo
Dias, deu-se em um período de decadência da monarquia no Brasil.
É possível
encontrar quem se equivoque e coloque o Parnasianismo como Realismo na poesia,
mas o poeta parnasiano não se preocupava com os problemas da sociedade como
esse, construindo características que o distinguia das outras escolas. Ignoravam
as mudanças sociais, político e econômicas sem se voltar para dentro de si,
buscando manter a objetividade.
Os poetas possuíam
o lema “A arte pela Arte”, justificando sua atitude bastante criticada na época
por realistas de se voltarem a temas fúteis, irrelevantes. Viam a arte como
algo perfeito em si mesma, por sua forma e imagem, sem ter que servir de canal
para reflexão e compreensão da sociedade, muitas vezes descrevendo objetos de
arte (seus fetiches, o lema passa a ser visto como “A arte sobre a arte”),
animais, buscando inspiração na cultura grega (influência do neoclássico), o
que influencia o nome da escola: Parnasianismo, que vem de Parnaso: monte grego
onde moravam o Deus Apollo e algumas musas, lugar de inspiração dos poetas.
Por se dar
exclusivamente na poesia, os parnasianistas preocupavam-se com a forma, o
vocabulário, o equilíbrio, o controle das emoções... Sempre em forma de soneto
e verso alexandrino – 12 sílabas poéticas, seus escritores classificavam as
rimas em pobres (as palavras que rimam possuem a mesma classe gramatical);
ricas (as palavras que rimas possuem classes gramaticais diferentes) e raras
(palavras que possuem terminação rara eram o alvo dos parnasianistas). Para rimar, não é necessário que as sílabas
finais ou intermediárias possuam mesma grafia, e sim, o mesmo som.
Os principais
autores brasileiros são Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira.
Como exemplos de respectivas obras: Poesias (1888); Versos e Versões (1887); Meridionais (1884) e Sonetos e Poemas (1886). A produção entra em decadência no Brasil entre 1893 (data do início do Simbolismo em nosso país, mesmo que tenha sido deixado à parte na literatura oficial) e 1922 (Semana de Arte Moderna), ainda podendo se encontrar algumas produções do estilo.
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- “Príncipe dos Poetas Brasileiros”
Uma
das figuras centrais do Parnasianismo Brasileiro, Alberto de Oliveira foi
proclamado “príncipe dos poetas brasileiros” pela revista Fon-Fon em
substituição de Olavo Bilac na primeira década do séc. XX.
Nasceu
em Palmital de Saquarema, RJ, em 28/04/1857 e morreu em Niterói, RJ, em
19/01/1937. Farmacêutico, poeta e professor. Foi amigo de outro importante
parnasiano: Olavo Bilac.
Começou
a compor aos quatorze anos em uma família de inclinações literárias. Alberto
foi quem se destacou. Como poeta, a poesia era sua atmosfera e consumia-a como
se tivesse respirando-a. Principais obras: Canções românticas (1878),
Meridionais (1884), Sonetos e poemas (1885), Versos e rimas (1895).
Observe a análise de um dos seus poemas:
Vaso Grego
“A Arte Sustenta a Arte”, 19/10/2012. |
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada,
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendia
Então, e, ora repleta ora esvazada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.
Depois… Mais o lavor da taça admira,
Toca-a, e do ouvido aproximando-a, à bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce.
Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Podemos ver a construção do soneto sob
os versos alexandrinos e rimas pobres e ricas. As rimas pobres e fracas eram
característica do autor com vasta produção. O tema é a descrição de um vaso,
afirmação do lema “arte sobre a arte”, que foi inspirada na Grécia Antiga.
Quando escrito, era tempo da abolição da escravatura e advento da república,
porém, como parnasianistas, Alberto fugia dos temas sociais, afirmando: “Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco me importam paz ou guerra e não leio jornais”.
Fontes: ler-e-escrever.blogspot.com/.../alberto-de-oliveira-150-anos-de.html
http://clubedapoesia.com.br/V1/mestres/mesalberto.htm
Karina Hotes, Lorenzzo, Mariluz, Natália Santos e Rayra
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