Os Decadentistas
Em 1857, foi
publicado na França o livro Flores do
Mal, de Charles de Baudelaire. A
obra deu corpo a um novo estilo literário chamado Simbolismo. Suas
características se opõem aos três estilos contemporâneos (Realismo,
Parnasianismo e Naturalismo) e está arraigado no Romantismo, de tal forma, que
é colocado como sua intensificação, onde o autor passa por uma introspecção
profunda em seu ser.
Buscam imagens
do inconsciente e subconsciente, imagens sugestivas, ou seja, nada claras, o
que mostra o emprego de subjetividade nos textos. É um movimento que abrangeu
vários tipos de arte, inclusive a literatura, sobressaindo-se na poesia, onde também
se preocupava com a forma e com as rimas, mas se opunha ao parnasianismo na sua
visão de mundo.
Os simbolistas
eram contra ao progresso que levava ao materialismo, refugiando-se no meio
metafísico. “Em vez da "belle époque" do capitalismo financeiro e
industrial, do imperialismo que se adotava de boa parte do mundo, temos o
marginalismo de Verlaine, o amoralismo de Rimbaud e a destruição da linguagem
por Mallarmé”, diz Maria Granzoto, Editora de Literatura Brasileira.
No final do
séc. XIX, os simbolistas ganham distinção. Valorizavam o espiritualismo e o
misticismo (a fé, a loucura, o sonho...), a sugestão (desconstrução da imagem,
passando a “ver como se sente”), a sinestesia (figura de linguagem que mistura
sentidos – audição, olfato..., ex.: o cheiro da luz), etc. Comumente, os
poemas eram acompanhados de musicalidade.
Os artistas
simbolistas eram apelidados de “decadentistas” por tal atitude. Dentre os
principais, encontramos, internacionalmente, Charles Baudelaire, Arthur
Rimbaud, Stéphane Mallarmé e Paul Verlaine; e nacionalmente: Cruz e Souza e
Alphonsus de Guimaraens.
No Brasil, o
simbolismo surge em na déc. 1890, um período conturbado: implantação de novo
regime político (república) e sócio-econômico (adaptação à mão de obra
remunerada com a abolição da escravatura) entre outras mudanças. Inicia-se com
as obras Missal, em prosa, e Broqueis, em poesia, de Cruz e Sousa. Seu fim está ligado aos
movimentos modernistas da déc. 1920.
O fim do
simbolismo português também é decorrente de movimentos modernistas. Até 1915,
ouve forte produção simbolista, que, também como no Brasil, fora influenciado
pela França, o centro irradiador. Entre 1890 e 1891, Portugal sofria
economicamente e seu povo desacreditava na monarquia que caiu em 1910. Os
artistas então tinham uma visão depressiva do fato, inspirando-os. Eugênio de Castro, dentre
outros importantes escritores como Antônio Nobre e Camilo Pessanha, publicou Oaristos em 1890, o marco inicial do
simbolismo português.
www.youtube.com/watch?v=QocGQNrZuOc
http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1738902
- “O Estranho”
Arthur Rimbaud
nasceu em Charleville, 20 de outubro de 1854 - Marselha, 10 de
novembro de 1891, na França e era chamado por admiradores de “o estranho”,
sendo até hoje um mistério sua poesia e sua personalidade. É encaixado no
simbolismo literário e foi grande poeta, compondo desde o início da
adolescência, escrevendo sobre seus sentimentos, revoluções da época e
fatos ocorridos com ele mesmo, como o abuso sexual por soldados franceses.
Teve caso amoroso com outro simbolista: Paul Verlaine, o que fez
Rimbaud viajar pela Europa. As paisagens e os acontecimentos
contribuíram para as reflexões de Rimbaud em poesia e prosa. Suas principais
obras foram: “Uma Estação no Inferno”, em 1873 e “Iluminações”, em 1886.
Sua vida literária durou pouco, e aos vinte anos vai para a África, onde se
torna traficante de armas.
Observe a análise de um de seus poemas:
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas
quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a
esperança.
Sem movimento.
Ciência e
paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
“Ouroboros”,
19/10/2012
Podemos ver a bela
sonoridade musical da poesia marcada de misticismo e de espiritualismo.
Extremamente subjetivo, sugere a imagem do por do sol visto da praia, a qual
substitui o sentimento de Rimbaud diante de algum fato indecifrável. Tema
irreverente e expressivo, influenciado pelo impressionismo e suas tendências.
Porém, não há sinestesia nem aliteração, marcas
difíceis de serem encontradas nos seus textos, ao contrário das metáforas.
Rimbaud é encaixado no simbolismo por possuir características marcantes da
escola literária colocadas acima. Assim, é posto também como gênio por montar
um estilo próprio, semelhante ao simbolismo. Tal questão é discutida ainda
hoje.
Karina Hotes, Lorenzzo, Mariluz, Natália Santos e Rayra.
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